terça-feira, 23 de outubro de 2012

Duelo

Não, não sou eu.
Não é parte nem outra parte de mim.
Não reconheço quando na negra noite,
seus passos ecoam em meus calcanhares,
seguindo meu andar trópego na alameda vazia.
Úmido luar que  a espinha eriça, o cheiro da morte e o grito do vazio que ecoam levados pelo gélido ar que penetra e mortifica a alma.
Escura e absoluta, assustadora e tão contrária acolhedora noite.
Abafo os ouvidos para que seus gemidos não penetrem em meu interior.
Não me arrisco a voltar meu olhar para a presença que sinto atrás de mim, seguindo meus passos feito morta que desfaleceu seus dias plenos.
Forçoso caminhar adiante, tentativa de  urgente fuga
do que não reconheço e renego.
Olhar fixo à frente, para não ver o reflexo
nas vidraças e nas poças.
Coração em prece,  sublime apelo de socorro
para vencer a batalha que se trava.
Terrível, temida, implacável e fatal.
Devo aniquilar meu Eu para que Eu possa sobreviver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário