segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Continuando o Jogo da Vida

Sentada aqui, na penumbra desse quarto de hospital, fico pensando nas coisas que senti e que não senti, nas que perdoei e não perdoei, nas que disse e deixei de dizer, nas coisas que guardei e nas que deixei ir ou mesmo descartei. Esse ano tenho vivido tão loucamente, feito locomotiva que atropela tudo o que está à sua frente e não tive tempo de cultivar direito o que plantei no ano passado.
Posso dizer que esse ano tem sido tão atribulado que eu só queria que ele acabasse logo, mas enfim, tudo tem seu tempo e nada adianta querer abreviar o que quer que seja na nossa vida.
Saudades, doença, tristeza, felicidade, abraços, beijos, carinhos, afagos, brigas, desentendimentos, acertos e erros, encontros e desencontros, apoio e consternações, ganhos e perdas... ufa! Haja fôlego prá viver essa vida louca, não?! Tento manter a peteca em jogo, apesar de às vezes parecer que o tapinha não foi forte o suficiente e parece que a peteca quer cair, mas é incrível como quando minha mão falha, sempre me surge uma outra mão prá ajudar a manter o jogo ativo e a peteca no ar.
Sabe, apesar de tantas confusões e dores, eu consigo sorrir, rir e amar, acho que aprendi a puxar a calma quando parece que o barco quer virar. E eu tenho com quem contar quando precisar chorar se a dor for forte demais. Amigos!

domingo, 30 de outubro de 2011

Complicando x Descomplicando

Quando somos crianças, tudo é tão mais fácil e encantador. Aí, ficamos observando nossos pais e os amigos deles e outras pessoas adultas que vemos passar apressadas e pensamos "eu quero crescer logo prá ser igual à..." achando que ser adulto é a coisa mais incrível e fantástica que existe. Balela! Ser adulto é complicar tudo quanto é simples, é transformar sentimentos puros em coisas carregadas de egoísmo, orgulho, preconceito, narcisismo, sadismo e ambição.
Ser adulto é transformar a vida em um quebra-cabeça quase impossível de ser resolvido.
Gente! Prá que complicar, a vida é tão simples e não exige nada além de vontade de viver e ser feliz! Vamos simplificar e descomplicar esse milagre, essa dádiva de Deus. ♥

sábado, 29 de outubro de 2011

Veludo Negro

Asas dóceis de borboleta a roçar a pele de alvo dorso.
Brisa fresca em noite de verão entoando cânticos harmônicos.
Lábios trêmulos, ressequidos do desejo de beber da fonte.
Olhos perdidos no devaneio do amor guerriado e conquistado.

Ser Heroína

Eu sempre me achei tão comum, sem graça, sem talento,
sem dom especial, apenas um ser, comum de certo.
Sonhos eu sempre os tive, talvez até nenhum concreto,

Legal mesmo, seria ser poderosa,
Ser super-herói e me transformar,
em uma criatura maravilhosa.

Poder flutuar, voar.
e os céus ganhar.
Não sofrer, não chorar.
Porque a ferida nos heróis não dói.
E a mágoa neles não corrói
E na tristeza eles podem voar 

Eles podem voar
Mas... eu não sei voar...

(uma adaptação minha ao poema de Karool)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Valor

Não se engane. Palavras são importantes, mas sentimentos são mais.
O que sentimos é apenas uma fração do que outras pessoas sentem.
O que ferimos, é nosso futuro representado pelas pessoas a quem magoamos.
Não entendemos que somos apenas uma mente, divisionada em milhares, trilhões de partículas individuais.
Entende?
Somos elementos da matemática Divina... só não estamos dividindo, nem somando, apenas subtraindo.

Falsidade Própria

Eu estava deitada, escutando música e lembrando de coisas que escrevi, de coisas que eu li, de coisas que eu disse e de coisas que me disseram.
São falsas tantas delas que me sinto impulsionada a desejar que as máquinas dominem o planeta.
Quantas vezes dissemos, escrevemos, que o mundo seria diferente e melhor se as pessoas pudessem se compreender, fazerem um esforço para construírem um mundo onde possamos viver todos em paz e harmonia uns com os outros. Falamos e lemos sobre um mundo onde os sentimentos devem vir em primeiro lugar , que sonhos devem ser alimentados e conquistados, falam-se e falamos de nossos sonhos infantis, de nossas crenças infantis, de pureza, simplicidade, amizade, compreensão, perdão, saber dividir, ajudar, falamos da perda de sensibilidade e humanidade... tantas coisas, tantas balelas. Balelas sim, porque na primeira oportunidade que temos, apedrejamos um amigo, porque a amizade não existe mais, rotulamos, ferimos, atacamos de alguma forma aquilo que não conhecemos ou não entendemos, ou porque simplesmente estamos entediados demais que não queremos dar ouvidos a um pedido de socorro que não soubemos interpretar. Onde está a amizade quando voce coloca os seus interesses em primeiro lugar? Onde está a amizade onde você rotula uma pessoa só porque você não está com disposição de entender um determinado comportamento? Onde está o amor ao próximo quando você, apressado demais, passa e não dirige se quer um olhar ao servente de limpeza que colabora para que seu ambiente escolar, de trabalho, ou mesmo de passeio, esteja limpo e pronto para te receber? Não, ele não está apenas cumprindo com sua obrigação trabalhista, ele colabora com o bem estar local. Não é apenas um gesto mecânico o de varrer as ruas, pátios, salas, corredores, há um ser por trás da vassoura e do uniforme de servente de limpeza.
Onde estão os sentimentos e comportamentos humanistas que cada um de nós escreve, fala, discursa?
Balelas! Falsidade! Ninguém está preocupado com nada que não seja o seu próprio umbigo, é o que eu tenho visto. São raras as exceções de anjos valentes que ainda colocam os interesses alheios em primeiro plano. O resto? Balelas Falsas e Hipocrisia.
Quanto tempo esses valentes anjos resistiram nessa guerra tão desequilibrada?
Não, eu não estou revoltada, eu estou inconformada e cansada de lutar contra esses sentimentos que parecem querer engolir o que resta de humanidade em cada um de nós. Estou cansada dessa gente falsa que tem me rodeado. Gente que diz ser e sentir o que não é e nem sente.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Meu Super Herói

Eu descobri nessas caminhadas da vida, nesses tempos que meus olhos se fecharam, que meu super herói, que eu julgava tão forte, tão destemido, tão inatingível, deixou cair sua máscara e por trás dela, vi um rosto tão cansado e abatido que me deu vontade de acalentá-lo em meus braços e pedir para que descansa-se das tantas lutas que já teve que superar, que deixa-se a batalha de lado, que não valia a pena acreditar sempre na vitória.
Descobri que meu super herói não pode recuperar suas energias e forças se eu não acreditar nele, se eu também sucumbir, se eu cair, se eu me prostrar. Descobri que a força de meu herói vem de mim e se eu quiser que ele continue existindo e vencendo, tenho que acreditar nele e dar-lhe a força que precisa para vencer. Tenho que ter fé nele e deixar ele agir da melhor forma possível, tenho que acreditar que ele pode, que é possível.
Eu deixei meu herói sozinho esses tempos, não acreditei nele, desisti dele... não entendi, não vi que seu incentivo maior, sua força, seu poder vinham de mim. Heróis não choram, mas eu fiz o meu chorar.
Mas antes que o fim chegasse, eu entendi, compreendi, reagi.
Obrigada, meu super herói por você nunca desistir de mim, apesar de eu quase ter desistido de você.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Jeito

Existe algum jeito de tirar as pessoas do pensamento? Se existir, não me conte, porque embora a saudade machuque, a lembrança ainda faz rir.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Saudade É

A saudade é a confirmação de alguma coisa que não faz mais parte de nossa vida, de nosso dia-a-dia.
A saudade é a lembrança mais sentida daquilo que bem se quis.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pouco e Bastante

Gostoso é assim: pé no chão, chocolate, chuva fria, chicle de menta, chantilly de colher, cheiro de roupa limpa secada ao sol primaveril.
Gostoso é assim: sorvete de morango, selinho, saudade do colo da mãe, serenidade de tarde de verão, secar a roupa no corpo depois do banho de chuva, saltar de braços abertos ao abraço e ao acaso.
Gostoso é assim: correr, cair, começar, comemorar, confidenciar, comer a massa batida do bolo preferido, caminhar de mãos dadas, cochichar no ouvido.
Gostoso é assim: ser sem temer.

domingo, 23 de outubro de 2011

Beijo

Beijo, te beijo, me beija.
Teus lábios algodão-doce a desmanchar-se em meus lábios.

sábado, 22 de outubro de 2011

Agradecendo

Peço desculpas aos meus leitores e obrigada pelos e-mail carinhosos, eu estava com problemas na net, por isso não postei e de uma certa forma, eu ando com minha cabecinha meio vazia, sem muito o que pensar e escrever esses dias, mas só o fato de ter recebido e-mail carinhosos, gentis e incentivadores, me fez pensar que às vezes, julgamos não sermos tão queridos como gostaríamos de ser só pelo fato de não termos constantemente a demonstração desse sentimento. Poxa! Não estar sempre sendo ou demonstrando, não quer dizer que o carinho,  o amor, o respeito, a consideração, a atenção, o afeto não existam. Foi o que notei esses dias. Obrigada!
Sei que andei um pouco transgredida por algumas questões que me aborreciam demais, questões das quais eu não podia ter o controle, porque na verdade, esses problemas não era para se ter controles sobre eles, mas sim ter controle sobre nossas próprias emoções referentes a determinados problemas que desafiam nossa própria fé e entendimento. Mas é assim, a gente chora, se descabela, se revolta, é atacada, é julgada, é incompreendida, mas no fim, sempre entendemos, pelo menos eu entendo, que faz parte de um amadurecimento que a vida nos impõe. Perdemos e ganhamos, sempre estamos ganhando alguma coisa com a dor e o sofrimento, nosso ou alheio, basta termos a humildade de pararmos de achar que nosso problema sempre é maior do que o das outras pessoas, todos temos problemas. E como diz o ditado, Deus dá o frio conforme o cobertor e ninguém terá que carregar uma cruz que não possa suportar.
E Eu queria agradecer a todas as pessoas que fazem parte da minha vida e também aquelas que já passaram pela minha vida. Agradecer à voce que me entende e principalmente à você que não me compreende ou compreendeu, mesmo disso, eu tirei um aprendizado, que aliás, nem prefiro mencionar aqui.
Obrigada, à todos, mas por favor, lembrem-se de que sou humana e não sou perfeita como alguns pensam... tenho muitos defeitos, mas eu estou tentando lapidar todos eles.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Vitória de Mais Um Dia

A vida nos surpreende, nós mesmos podemos nos surpreender.
As vezes quando pensamos que não temos mais forças para lutar contra alguma coisa, conseguimos puxar lá do fundo de nossa alma, aquele resquício de energia e vontade de superar as adversidades. Vontade de esfregar na cara do mundo que você ainda continua sua jornada da vida.
As vezes nos vemos lutando sozinhas contra sentimentos, medos, perdas, dificuldades diversas nos são apresentadas, e muitas vezes não podemos contar com mais ninguém a não ser conosco mesmo, com as forças que ainda nos restam, e se você se entregar à julgamentos, cansaço, deixar o medo te vencer, a dor ser maior, ou ouvir o que outras pessoas, que não compartilham das suas adversidades, te coloquem prá baixo, você não conseguirá se quer sair do lugar, o peso sobre seus ombros ficará maior e você se verá arcada, sem vontade de prosseguir.
Por isso, quando sentirmos que nossas forças estão se minguando, que o medo está se aproximando, que as pessoas estão te atacando, que a tempestade está se formando, eleve seus pensamentos ao ser supremo. Isole toda e qualquer interferência externa, se apegue ao seu objetivo de vitória e deixe que o que não lhe serve, o que lhe ofende, o que lhe ataca se afogar na ignorância.
É assim mesmo, o orgulho, a inveja, a indiferência, a intolerância, o despeito, a ignorância alheia sempre vão estar ali, logo à frente, com a perna esticada pronta para te passar uma rasteira se você não estiver atenta.
Lentamente você vai notando, percebendo, selecionando e entendendo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Paramour???


Uma escolha interessante para a derivação de paramour (Amante Secreto) com a ortografia usada pelo Paramore. Adoro a voz estridente da Hayley.
(Coloquei um vídeo hoje, porque, falando sério, :P tô sem inspiração hoje prá escrever... quem sabe à noite ;)? Hoje o dia tá tão preguiçosinho com essa chuva que dá vontade de ficar só ouvindo música :P )

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pense

Ninguém experimenta a profundidade de um rio com os dois pés...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Eu, Maníaca Depressiva??!!

Era só o que me faltava! Fui mais uma vez julgada! Eu acho que me enganei quando disse que meu inferno astral estava acabando. Novidade! Me disseram que sou doente e que possuo bipolaridade, forma educada e gentil de não me dizer que sou uma maníaca depressiva! Não! Não sofro de bipolaridade, não sou maníaca depressiva. Como todo mundo, passo por problemas e algumas dificuldades no dia-a-dia, que ultimamente, diga-se de passagem, tem sido demais prá mim e se me entristeci, me revoltei, me enfureci por não poder ter o controle sobre determinados acontecimentos isso não cabe a ninguém o direito de dizer que sou doente, principalmente alguém com tantas neuromanias.
É fácil atribuir defeitos, doenças aos outros quando não se está passando pelo que o outro está. É fácil julgar quando não se sente o que o outro está sentindo.
Não aprecio, prá não dizer que odeio, quando pessoas que não estão ao par do que acontece comigo fiquem me julgando ou me taxando doenças e explicações para problemas que não me pertencem.
Me entristece saber que cada dia mais, espelhos são ocultados com lençóis para que não se veja neles o próprio reflexo.
Olha! Você que me julgou, você não passa de uma criança assustada carente de colo de mãe, aproveita a saúde perfeita de sua mãe prá desfrutar de todo o carinho e atenção que só uma mãe sabe dar. Passeie, corra, salte de encontro aos braços de sua genitora e afogue neles toda a sua saudade do lar, porque é com isso que você está acostumado, com mimos. Não julgue o que você nem conhece! Não julgue o que você não sente! Foi uma pena te conhecer dessa forma assim apresentável nesses tempos. Mas sinceramente, espero que você se torne um grande homem um dia e que antes de atirar uma pedra, pense bem em tudo o que te forma e pense que nem tudo o que você pensa sobre as pessoas é verdadeiro. A única coisa que sinto agora de você, é inveja, inveja pela saúde perfeita de sua mãe.
Seja feliz! De verdade, do fundo do meu coração.

Depois da Tempestade...

Houveram dias em que eu estava agitada, cansada, irritada, nervosa com tudo, sem dizer que me sentia insegura sobre algumas coisas. Fui agredida, ofendida, condenada, sub-julgada e etc e tal. Andava com os nervos à flor da pele e até fui mal em algumas avaliações, eu estava realmente alterada na minha sorte, mas.... eis que meu inferno astral parece estar terminando... graças à Deus.
Meu aniversário está perto e meu inferno não parece estar me afetando esses 2 últimos dias, arrisco dizer que terminou.... que alívio, porque essa história de inferno astral é até verdade! E não arrisquem em duvidar, por favor!
Agora sinto uma paz, uma tranquilidade comum após uma tempestade violenta que sai destruindo tudo pela frente. Sabem aquela frase, "depois da tempestade vem a bonança"?, bem é por aí mesmo.
Nem as agressões de pessoas que não se simpatizam comigo não me faz diferença, encontrei meu eixo.
Não sei quanto tempo isso vai durar, mas que seja bem aproveitado por mim.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Certeza

Hoje relaxo completamente, sabendo que estou fazendo a coisa certa, no tempo e no lugar certo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Oco

Se você não me respeita ou os meus desejos, eu também não lhe respeitarei.
Você não terá outra chance, a vida não é um jogo de vídeo game, onde se não deu certo na primeira tentativa, você pode resetar e começar de novo. Suas condenações não tem causa! Sinto por você ser essa fraqueza, tentei ajudar, mas nenhuma ajuda tem sentido quando não se quer ser ajudado. E eu não perco tempo gastando energia com quem não respeita sentimentos, nem mesmo os próprios sentimentos.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Graça

Os pedidos que fazemos aos Céus encontram-se, na maioria das vezes, em nossas próprias mãos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

É Natural

Enquanto estivermos nos dando com seres humanos, pessoas, estaremos propensos a magoar e sermos magoados, a ferir e sermos feridos, a sofrermos e fazer sofrer, tudo vai depender de sua força interior reverter dor em alegria, mágoa em perdão, ignorância em sabedoria. É inevitável não nos ferir quando estamos nos dando com seres iguais a nós.

Condenada

É engraçado como as coisas acontecem sem precedentes e tão drasticamente.
Fui julgada e condenada, mas não tive direito a um tribunal, a uma defesa.
Queriam me conhecer, como eu mesma, no meu bem no meu mal, mas não estavam preparados para me receber. Os olhos que me viam, só queriam me ver superficialmente e não verdadeiramente me conhecer como ser vivo que sente e existe com qualidades e defeitos, pois é fácil aceitar somente o que se quer e não a verdade que desnuda e agride.
Sinto muito, mas eu não sou perfeita como me julgavas, sou humana e como você, propensa a ataques de infantilidade, histerismo, brutalidade, orgulho, arrogância. Tenho minhas feridas, que escondi para não te assustar, porque quis te poupar de me ver fraca, indefesa e dependente e se muitas vezes me fiz desentender, foi para que você se sentisse superior e não meu agressor. Ninguém é perfeito e ninguém tem o direito de me julgar sem antes se pesar na balança. Se te decepcionei em algo, foi sem intenção, mas foi somente culpa sua por ter imaginado o que não existia em mim, perfeição! Só aprenda que a dor transforma e mutila. E não espere sempre que eu tenha mãos de deusa caridosa, porque sou humana e é da natureza humana ter a faca numa mão e na outra o pão. O que a faca cortará, vai depender do grau da necessidade de preservação.
Que pena que eu não sou perfeita? Não, pena não. Ainda bem que não sou perfeita, porque me faz ter certeza que tenho muito o que aprender, sobre mim e sobre os outros.
Sinto muito se aquela garota boazinha, sorridente, brincalhona, fez você ficar com o pé atrás quando mostrou que é feita da mesma matéria que você. Enfim, me julgaste e me condenastes e detesto admitir, mas você não é diferente de mim.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Fera


Repousa no olhar da fera o brilho do passado, gerando o reflexo que desnubla o futuro; a força do imaginário possível, porém distante, logo ali. Futuro de fera, sem receios, sem rumo, selvagem; dos sonhos vagos, das noites escuras e misteriosas, dos desejos desobrigados, das mazelas abandonadas.
Caminha no andar da fera a falaciosa certeza da passada dada; a determinada liberdade de abrir a janela e esbarrar no tempo. Tempo de fera, incerto, de fases; tempo pleno de muitos tempos, tempo contínuo de trajetória, de tormentas amarrotadas e luxuriosas.
Circula no ventre da fera uma imaculada promessa; a constância de fêmea inconstante, oscilante. Constância de fera, que briga, que luta, que anseia; constância sábia que reconhece origem e destino, constância da mocidade apreendida e da maturidade inalcançável, porém real.
Desliza pelos dedos da fera tudo aquilo que veio, tudo aquilo que foi. Dedos de fera que sustentam as marcas de uma cronologia pessoal, que deixaram lanhos nos amores vividos; dedos que da vida arrancam o pão diário, dedos que cavam a alegria maior e reverenciam a audácia da procura, que não se desapontam.
Jorra dos lábios da fera palavra ferina, palavra ácida, palavra doce. Palavras de fera, que podem não saber ao certo o que falar, mas sabem perfeitamente o que dizem; palavras que ponderam sem medir e transmitem o sentimento lascivo das vontades guardadas; palavras que amortecem as perdas e revigoram com os ganhos abruptos de um qualquer especial.
Brota na mente da fera a feminilidade que dilacera, que encanta, que a faz gritar, que a resplandece de gozo e a regozija de euforia, que a corrói de sentimentos explosivos e a entorpece de angústias infundadas… Instinto de fera! Como se mais selvagem ela deveras fosse, como se mais mulher ela nascesse a cada segundo.

(por Barbara Nonato)