sexta-feira, 1 de julho de 2011

Não Me Dê Ilusões

Imagina, uma criança, uma criança só e triste que nunca teve um brinquedo. Um dia alguém lhe oferece um pónei, um pónei de verdade só para ela. Fica radiante de felicidade, mas ao mesmo tempo sente que lho vão tirar logo em seguida e por isso não vale a pena apegar-se muito a ele. Mas, imagina que lho oferecem todos os dias, que todos os dias lhe dizem que pode ficar com ele, que lhe pertence, que é todo dela … Imagina …
E imagina o medo da criança em apegar-se a algo que tem medo de perder, mas vai acreditando, com medo mas vai acreditando , porque é tão bom acreditar. Quem nunca teve nada, tem agora um pónei, algo que pode cuidar, amar, acarinhar e ainda por cima pertence-lhe.
Ela acredita! O seu amor pelo brinquedo é tão grande que se atreve a mostrá-lo a todos, atreve-se a mostrá-lo apesar do medo, apesar de saber que é algo demasiado precioso para ser só seu,  mas acredita!
Acredita e vive para ele, acorda cada dia a pensar nele, brinca com ele, alimenta-o e mima-o, faz tudo para estar com ele,  é quase uma doença, mas é tão bom ter algo …
Imagina que um dia, um dia alguém lhe diz que o pónei morreu.  Recusa-se acreditar, chora intensamente, algo a dilacera  e morre um pouco… a cada instante …
Não porque perdeu o pónei, mas chora porque acreditou que ele seria sempre seu.

...... (jADe) .....

2 comentários:

  1. Esse é o velho medo de se entregar por inteiro e depois sofrer com a perda. Lindo o conto, e triste também. No que depender de mim, isso não acontecerá contigo.

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  2. medo, medo, somos dominados pelo medo de sofrer.
    Toda entrega acompanha um sofrimento.

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